terça-feira, 25 de maio de 2010

O Nome de Deus

Nós cristãos, ou pelo menos a grande maioria de nós, já ouvimos falar da maneira como os judeus tratam o Nome de Deus. O respeito e as precauções tomadas quando se pronuncia ou se escreve o Seu Nome.

É muito comum, por exemplo, que em textos judaicos a palavra Deus apareça com uma vogal suprimida, como em D-us. Quando a palavra deve ser escrita, o rigor é ainda maior. Um dos muito procedimentos adotados é o de se inutilizar uma pena que tenha sido usada pra escrever o nome de Deus.

Minha curiosidade me fez buscar algumas explicações mais acuradas para tudo isso. Achei alguns comentários interessantes no site Judaism 101, que aliás é referência em assuntos judaicos.

Vamos começar com a pergunta: Qual o significado dos "nomes" para o povo judeu?
A resposta a essa pergunta é essencial para a compreensão da maneira como o nome (ou os nomes) de Deus é tratado no judaísmo.

"
No pensamento judaico, um nome não é apenas uma designação arbitrária, uma combinação aleatória de sons. O nome traduz a natureza e a essência da coisa nomeada. Ele representa a história e a reputação do ser nomeado. Muitas vezes nos referimos à reputação de uma pessoa como o seu "bom nome". Quando uma empresa é vendida, uma das coisas que podem ser vendidas é a "boa fama" da empresa, isto é, o direito de usar o nome da empresa, a dimensão simbólica da marca. O conceito hebraico de um nome é muito semelhante a essas idéias.
Um exemplo desse uso ocorre em Êxodo 3:13-22, quando Moisés pergunta a Deus qual é o Seu nome. Moisés não está perguntando "como devo chamá-lo", mas sim, pergunta "quem é Você, como Você é, o que Você fez". Isso fica evidente a partir da resposta de Deus. Deus responde que Ele é eterno, que Ele é o Deus dos seus antepassados, que viu a sua aflição e os redimiu da escravidão.
Assim, os judeus acreditam que, já que um nome representa a reputação da coisa nomeada, esse nome deveria ser tratado com o mesmo respeito que a reputação da coisa. Por esta razão, os nomes de Deus, em todas as suas formas, são tratados com enorme respeito e reverência no judaísmo. " (Judaism 101, por Tracey Rich. Traduzido e adaptado por mim).

Acredito que essa dimensão por si só já poderia explicar os procedimentos judaicos ante os nomes de Deus. Sigamos um pouco mais além na análise para descobrir porque os judeus não escrevem o nome de Deus com freqüência. Muitos poderiam pensar que essa prática vem do mandamento de Êxodo 20:7: Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão. Esse mandamento se refere à blasfêmia ou a um falso juramento em nome de Deus, um uso mentiroso do nome.

O site revela a origem da preocupação: "O Judaísmo não proíbe de escrever o nome de Deus, por si só, proíbe apenas que se apague um nome de Deus. No entanto, os judeus evitam escrever qualquer nome de Deus casualmente por causa do risco de que o nome escrito possa ser posteriormente apagado, obliterado ou destruído acidentalmente ou por alguém que não possui melhor conhecimento". Deuteronômio 12:1-5 justificaria essa proibição quanto a se apagar o nome de Deus.

Mas, afinal, qual é o nome de Deus?
Sempre tive uma noção um pouco equivocada. O nome que muitos pensam que é efetivamente o Nome de Deus, Jehovah, na verdade, é mais um artifício que os judeus usaram para evitar de escrever o Nome. O nome mais importante que foi usado para representar Deus, na verdade, foi YHVH (as letras hebraicas Yod-Hei-Vav-Hei). O que aconteceu foi que os antigos mestres das escrituras judaicas usavam as vogais hebraicas da palavra Adonai (meu Senhor) entre as consoantes do Nome: J-e-H-o-V-a-H. As traduções da Bíblia que passaram a ser utilizadas pelos cristãos se basearam em escritos judaicos que usavam esse artifício.

Outra prática comum era abreviar o nome. Assim, YHVH se tornou Yah (YH, como em Halleluyah, ou Aleluia, que significa "Louvores a Yah"), Yahu (como em Eliyahu, ou Elias, que significa "Deus é o meu Senhor") ou Yeho (YHV, como em Yehoshua, que significa Josué ou Jesus). Desafortunadamente, com a destruição do templo, a pronuncia de YHVH foi proibida e caiu em desuso. Apesar de alguns estudiosos terem tentado passar de geração em geração a pronuncia correta do nome, com o tempo ela foi perdida. Hoje, vários rabinos discutem quanto à pronuncia correta desse Nome.

Personagens - Clemente e Orígenes (baseado no livro de B. L. Shelley)

Já por volta do século II e III, a igreja cristã primitiva passava da categoria de uma seita judaica menor, para o status de uma importante "filosofia" no Império Romano. Nesse momento, procurou-se desenvolver uma base racional para a pregação cristã através da associação desta com a literatura pagã e a filosofia. Foi um período de incontáveis batalhas, pois muitos eram aqueles que lançavam mão da pregação cristã para fundamentar a filosofia pagã. Nesse período surgiram muitas falsas doutrinas.

Não entraremos em muitos detalhes (ao menos por hora), mas dentre essas falsas doutrinas, cabe destacar o gnosticismo, um evangelho segundo "linhas espirituais" associado à astrologia e às religiões pagãs da Grécia.
Obs. Nem tudo naquela época estava ligado ao racionalismo: O montanismo foi outra ramificação herética do cristianismo, mais ligada a uma super-espiritualidade. Montano profetizava na região da Asia Menor ao lado de outras duas profetizas em nome do "Espirito Santo". Suas preleções passaram a atrair multidões, que ficavam apreensivas ao ouvirem ao profeta, que falava em um estado de êxtase.
É assustadora a quantidade de seitas exotéricas que derivaram do gnosticismo, do montanismo e outros "ismos" dessa época...

Mas vamos com calma, que nem tudo relacionado à filosofia era heresia. Dada a notável posição que o cristianismo assumia no Império, era necessário o desenvolvimento de uma forma pela qual o evangelho chagasse aos grandes intelectuais do mundo, e assim, aos grandes senhores. (Nesse processo algumas batalhas foram "perdidas". Tertuliano, por exemplo, apesar de ter alertado para os perigos da associação entre cristianismo e filosofia destacando que essa seria a causa e origem das heresias foi atraído para o caminho do montanismo, após se indispor com a igreja). A chamada Escola Catequética de Alexandria foi uma das mais notáveis referências da conciliação da filosofia com a cristianismo, visando unicamente a manutenção e expansão da fé cristã. Clemente e Orígenes foram seus diretores.

Clemente é considerado o "primeiro estudioso cristão". Combateu o gnóstico Valentino, estabelecendo um programa para a escola catequética voltada a esse objetivo. Foi um dos grandes colaboradores para o desenvolvimento da hermenêutica e sua introdução na interpretação dos textos sagrados.

Orígenes, sucessor de Clemente, foi considerado um teólogo neoplatônico e patrístico. Influenciado por Platão, Orígenes desenvolveu pensamentos acerca da Santíssima Trindade e sobre o fato de nos tornarmos filhos de Deus por adoção enquanto Jesus é Filho por geração, por natureza. Orígenes, no entanto acreditava que o Filho estava subordinado ao Pai, apesar de terem a mesma essência. Orígenes fala também de uma virgindade perpétua de Maria. Supostamente, esse ponto era quase unânime na antiguidade. Finalmente, entre outras muitas doutrinas, Orígenes afirma que a prática do batismo de recém nascidos também teria origem nos ensinamentos dos apóstolos.

Fica evidente que nem tudo o que era postulado por esses dois grandes pensadores representa a pura verdade bíblica. No entanto, é inegável a contribuição desses homens para o desenvolvimento da teologia nos círculos intelectuais, nos séculos seguintes.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Co-herdeiros de Deus

Estava lendo um livro sobre a história das relações sociais e culturais de judeus e árabes para minha monografia de conclusão de curso e encontrei um fato interessante sobre o tratamento de servos e escravos entre os Hebreus. Acho que isso ajuda muito a compreendermos nossa posição na "Família de Deus", em relação a Deus pai e a Cristo Jesus, o primogênito/ unigênito do pai.

O texto de Goitein diz o seguinte:

"A escravidão, no antigo Oriente é um assunto muito complicado. Mas, quando nós restringimos a análise à condição dos escravos em Israel e na Arábia, uma instituição relativamente coerente e unívoca emerge. Lá, os escravos não eram membros miseráveis, nem os animais suados das plantações norte-americanas, ou do latifúndio romano, ou das olarias de Atenas; eram da família, e, por vezes, com maior status de independência do que os filhos ou irmãos mais novos.
Eliezer, o servo de Abraão, é um bom exemplo desse estatuto. Ele foi denominado "o filho da casa" e era esperado para herdar a propriedade de seu mestre, na ausência de um herdeiro natural (Gênesis 15:3). Depois de um filho nascer, ele cuidava do menino como um irmão mais velho faria ( 24:3 ss.). Relações semelhantes são relatadas em fontes antigas árabes (...).
Note que os profetas de Israel, por muitas vezes se queixavam sobre o tratamento dos pobres, das viúvas, dos órfãos, ou dos estrangeiros, mas não há uma única referência a maus-tratos de escravos em seus escritos. Pelo contrário, em uma famosa passagem de Jó (31:13-15), o escravo é reconhecido como tendo os mesmos direitos humanos do seu mestre. O apego a família, dos escravos judeus, é melhor expresso na declaração proveniente da Itália durante o século décimo dC no sentido de que um mestre poderia recitar o Kaddish, a oração pela alma de seu escravo, um privilégio restrito a parentes muito próximos.
Portanto, quando um árabe ou judeu orava: "Eu sou o teu servo, filho da tua serva" (Salmo 116:16), ele queria dizer, "Eu sou um membro mais íntimo do seu agregado familiar" - a noção de filiação ( que é bastante freqüente em hebraico, mas muito rara em fontes árabes) é evitada como implicando a procriação e relações sexuais. Quando Moisés recebeu o título honorário de "servo de Deus", este deve ser entendido no sentido descrito em Números (12:07), "Moisés, meu servo, que é fiel em toda a minha casa" - significando aquele que conhece todas as desejos de seu mestre e os cumpre fielmente.
Em suma: a instituição da escravidão, que Israel e os árabes tinham em comum com as civilizações vizinhas, assumiu entre estes dois povos um caráter específico que pode ser explicado pela estreita relação entre eles". (GOITEIN, p. 28).

Existe uma diferença fundamental, no entanto, na "estrutura familiar divina". Jesus é o primogênito do Pai, e estava desde o princípio. Devemos reconhecer esse status para que estejamos, como Moisés, cumprindo fielmente todos os desejos de nosso mestre. É dessa maneira apenas que poderemos nos chamar de "servos, filhos de tua serva", no sentido aplicado nos Salmos, ou seja, declarando que somos um membro íntimo do agregado familiar de Deus.

Espero que esse estudo traga conforto aos corações. É bom saber que Deus nos recebe em seu tabernáculo sob um status de filhos, livres e co-herdeiros do Reino, em seu Filho Jesus. Amém.

domingo, 9 de maio de 2010

Deus é Amor. E a Igreja?

Tenho visto nos últimos anos um aumento considerável no número de pregações que alertam para a necessidade de cada um tomar sua cruz e seguir a Cristo, compartilhando do seu sofrimento. Essa é uma palavra muito nobre, que pode ser encontrada em diversos trechos da Palavra de Deus. John Piper tem um sermão intitulado "You will suffer", cujo link segue abaixo:



Em um contexto no qual a igreja tem se deixado levar por tantos ventos de (falsa) doutrina, é importante esclarecer como deve ser a conduta da igreja aqui nessa terra.
No entanto, tenho notado uma exagerada e perigosa ênfase no sofrimento, e não no propósito do sofrimento. Acredito que o sofrimento pelo sofrimento não é virtude. Inúmeras seitas orientais, por exemplo, dão extrema importância ao flagelo, mas não serão salvas.

É importante ressaltar, não o sofrimento, mas o propósito deste. Repare nos destaques em itálico:
"E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão. E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo". (Mateus 10: 21-22).
"E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Romanos 8: 17-18)
"Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele, Tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim. (Filipenses 1: 29-30)
E assim por diante, em 2 Timóteo 1:8, Atos 5:41.

John Piper conclui: "Porque não há outra maneira que o mundo possa ver a suprema glória de Cristo hoje exceto que rompamos com a disneylândia que é a América e começamos a viver um estilo de vida de sacrifício missionário o qual mostrará ao mundo que o nosso tesouro está no céu."

Acredito que essa é uma explicação válida em um certo contexto, porém incompleta. Na minha opinião não é o sofrimento, exclusivamente, que revelará ao mundo a glória do Pai, mas sua associação com o amor praticado na congregação dos santos.

Como já foi citado no post anterior, no século II, Tertuliano declarou: "Vejam como esses Cristãos se amam!" Foi o amor e a caridade em meio à perseguição que chamou a atenção dos romanos.

A igreja dos primeiros séculos era conhecida em toda parte "pelo cuidado com os pobres, viúvas e órfãos; pelas visitas aos irmãos nas prisões ou aos condenados a viver nas minas; e pelos atos de compaixão durante a carestia, terremotos ou guerras." (SHELLEY, p. 40)

Essa preocupação da igreja em manter a unidade entre os irmãos e em difundir o amor acima das adversidades pode ser vista claramente em diversos escritos da igreja primitiva. O apócrifo do século I chamado Didaquê (ou Instruções dos Apóstolos) era tido como um manual litúrgico que circulava entre as congregações naquela época. Esse livro dá instruções para o tratamento que deveria ser dado aos pregadores, quanto ao abrigo nas suas casas, etc. Apesar de não ser um texto canônico, é uma leitura muito interessante para se ter um retrato de como era a rotina do corpo de cristo nos primeiros anos dessa era. (Existem links para o texto no google. Não me sinto a vontade para colocar aqui).

Para encerrar, tenho uma última questão a levantar. Percebo que às vezes alguns cristãos têm um zelo tão grande por uma determinada doutrina, que alguns acabam por colocar certos preceitos teológicos acima da comunhão e do amor. Muitas vezes corremos o risco de nos fecharmos em nossos conceitos e ignoramos o clamor que o mundo nos faz para conhecer a palavra. Nos tornamos tão críticos que acabamos afastando aquele que tenta se aproximar do evangelho, e magoamos os irmãos ao nosso redor. Permitam-me contar uma história real:

Um pastor estava conversando com um grupo de crentes interessados em tirar dúvidas sobre um certo ramo doutrinário. Após horas de conversa, uma mulher que se tinha ficado calada todo o tempo o chamou para uma conversa em particular. O pastor assim narra a história:

"Sentamo-nos novamente e ela começou um conto de luto. Ela era esposa de um pastor. Sua vida e ministério tinham sido felizes e enriquecedores, até o marido e dois amigos próximos que também eram os pastores passaram a se interessar por uma "verdade nova". Todos os três eram muito intelectuais. Como resultado da nova leitura[...], [foram]atraídos para o desafio de estudar os escritos de [certos autores de uma determinada doutrina]. Seu estudo, [...], acabou se tornando quase uma obsessão. Então, cada um deles começou a pregar a sua "nova luz" de seus púlpitos. Depois de terem sido avisados várias vezes para desistir de doutrinar suas congregações, eles foram removidos de seus pastorados pela sua denominação. O marido começou [a ter dúvidas]. As frequêntes indagações explodiram em dúvidas sobre sua salvação. [A tal doutrina], que outrora parecia tão satisfatóri[a] começou a persegui-lo com a incerteza de saber se ele foi [salvos].
"Você nunca foi atraído por ela? [Por essa doutrina]" Eu perguntei.
Ela balançou a cabeça. "Eu não sou intelectual - pode ser por isso que ela nunca me atraiu. Mas não era pra Deus ser um Deus de amor? [...] Lágrimas vieram aos olhos. Enfim, ela continuou: "Eu ficava tentando dizer ao meu marido que o Deus no qual agora ele ecreditava, um Deus que [...], não era o Deus que eu conhecia e amava. ... " (Tradução livre do livro "What love is this" de Dave Hunt, omitindo trechos que poderiam revelar a doutrina em questão).

domingo, 2 de maio de 2010

Série "Personagens"'- Policarpo de Esmirna

Policarpo nasceu na Ásia Menor, atual Turquia, em aproximadamente 70 d.C.. De família cristã, registra que costumava se sentar aos pés de João, apóstolo de Cristo, na sua juventude.

Foi naqueles anos que a Igreja experimentou seu maior crescimento. Além do mover divino, vale destacar alguns fatores humanos que impulsionaram a expansão da fé cristã. A saber, a convicção inabalável dos crentes, a necessidade dos pagãos de conhecer as boas novas, a expressão prática do amor cristão (cuidado com pobres viúvas e órfãos, etc), dentre muitas outras expressões de misericórdia e fé. Cabe aqui um adendo: Será que poderíamos dizer que a igreja de hoje é notada publicamente por esse perfil? O historiador do cristianismo Bruce Shelley cita o Imperador Tertuliano, que reconhecia: "Vejam como esses cristãos se amam!"

Nesse contexto de amor, a Policarpo foi conferida a autoridade sobre a cidade de Esmirna. Além ativo pregador do evangelho, Policarpo também escreveu cartas aos Filipenses, segundo a prática cristã da época.

Policarpo foi martirizado em nome do cristianismo (o termo mártir significava originalmente "testemunho"). Mesmo reconhecendo as virtudes dos cristãos, os romanos continuavam implacáveis nas suas perseguições.

Segue transcrição do texto de Shelley sobre a morte de Policarpo:

"- Simplesmente jure por César - disse o governador.
- Sou um cristão - disse Policarpo - se quiser saber o que isso significa, marque uma data e escute.
- Convença o povo - disse o governador.
Policarpo disse:
- Posso explicar para você, mas não para eles.
- Então vou atirá-lo às feras.
- Traga suas feras.
- Se você zombar das feras, será queimado.
- Você tenta me assustar com o fogo que arde por uma hora, mas se esquece do fogo do inferno, que nunca se acaba.
O governador gritou para o povo:
- Policarpo diz que é um cristão.
Então a turba se descontrolou:
- Este é o professor da Ásia - gritaram - o pai dos cristãos, o destruidor dos nossos deuses!
Então Policarpo, orando para que sua morte fosse um sacrifício aceitável, foi queimado."

Segue uma transcrição da oração de Policarpo:

"Senhor, Deus Onipotente, Pai de Jesus Cristo, teu filho predileto e abençoado, por cujo ministério te conhecemos; Deus dos anjos e dos poderes; Deus da criação universal e de toda família dos justos que vivem em tua presença; eu te louvo porque me julgaste digno deste dia e desta hora; digno de ser contado entre teus mártires, e de compartilhar do cálice de teu Cristo, para ressuscitar á vida eterna da alma e do corpo na incorruptibilidade do Espírito Santo. Possa eu hoje ser recebido na tua presença como uma oblação preciosa e aceitável, preparada e formada por ti. Tu és fiel às tuas promessas, Deus fiel e verdadeiro. Por esta graça e por todas as coisas eu te louvo, bendigo e glorifico, em nome de Jesus Cristo, eterno e sumo sacerdote, teu filho amado. Por Ele, que está contigo, e o Espiríto Santo, glória te seja agora e nos séculos vindouros. Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o Vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos. Amém!"