terça-feira, 18 de maio de 2010

Co-herdeiros de Deus

Estava lendo um livro sobre a história das relações sociais e culturais de judeus e árabes para minha monografia de conclusão de curso e encontrei um fato interessante sobre o tratamento de servos e escravos entre os Hebreus. Acho que isso ajuda muito a compreendermos nossa posição na "Família de Deus", em relação a Deus pai e a Cristo Jesus, o primogênito/ unigênito do pai.

O texto de Goitein diz o seguinte:

"A escravidão, no antigo Oriente é um assunto muito complicado. Mas, quando nós restringimos a análise à condição dos escravos em Israel e na Arábia, uma instituição relativamente coerente e unívoca emerge. Lá, os escravos não eram membros miseráveis, nem os animais suados das plantações norte-americanas, ou do latifúndio romano, ou das olarias de Atenas; eram da família, e, por vezes, com maior status de independência do que os filhos ou irmãos mais novos.
Eliezer, o servo de Abraão, é um bom exemplo desse estatuto. Ele foi denominado "o filho da casa" e era esperado para herdar a propriedade de seu mestre, na ausência de um herdeiro natural (Gênesis 15:3). Depois de um filho nascer, ele cuidava do menino como um irmão mais velho faria ( 24:3 ss.). Relações semelhantes são relatadas em fontes antigas árabes (...).
Note que os profetas de Israel, por muitas vezes se queixavam sobre o tratamento dos pobres, das viúvas, dos órfãos, ou dos estrangeiros, mas não há uma única referência a maus-tratos de escravos em seus escritos. Pelo contrário, em uma famosa passagem de Jó (31:13-15), o escravo é reconhecido como tendo os mesmos direitos humanos do seu mestre. O apego a família, dos escravos judeus, é melhor expresso na declaração proveniente da Itália durante o século décimo dC no sentido de que um mestre poderia recitar o Kaddish, a oração pela alma de seu escravo, um privilégio restrito a parentes muito próximos.
Portanto, quando um árabe ou judeu orava: "Eu sou o teu servo, filho da tua serva" (Salmo 116:16), ele queria dizer, "Eu sou um membro mais íntimo do seu agregado familiar" - a noção de filiação ( que é bastante freqüente em hebraico, mas muito rara em fontes árabes) é evitada como implicando a procriação e relações sexuais. Quando Moisés recebeu o título honorário de "servo de Deus", este deve ser entendido no sentido descrito em Números (12:07), "Moisés, meu servo, que é fiel em toda a minha casa" - significando aquele que conhece todas as desejos de seu mestre e os cumpre fielmente.
Em suma: a instituição da escravidão, que Israel e os árabes tinham em comum com as civilizações vizinhas, assumiu entre estes dois povos um caráter específico que pode ser explicado pela estreita relação entre eles". (GOITEIN, p. 28).

Existe uma diferença fundamental, no entanto, na "estrutura familiar divina". Jesus é o primogênito do Pai, e estava desde o princípio. Devemos reconhecer esse status para que estejamos, como Moisés, cumprindo fielmente todos os desejos de nosso mestre. É dessa maneira apenas que poderemos nos chamar de "servos, filhos de tua serva", no sentido aplicado nos Salmos, ou seja, declarando que somos um membro íntimo do agregado familiar de Deus.

Espero que esse estudo traga conforto aos corações. É bom saber que Deus nos recebe em seu tabernáculo sob um status de filhos, livres e co-herdeiros do Reino, em seu Filho Jesus. Amém.

Um comentário:

Economia de Noiva disse...

Mto boa a observação, Gabi!!
Não há nada melhor do que SERVIR a Deus com nossas vidas!

Becky